quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mais força

Especialistas reavaliam recomendação mínima de atividades físicas e afirmam que gasto calórico não deve ser único fator considerado para alcançar benefícios

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer uma caminhada leve três vezes por semana é o mínimo necessário para manter a saúde e se proteger de problemas como diabetes e osteoporose, certo? Errado.
Divulgada neste mês, a nova diretriz da ACSM (American College of Sports Medicine) mostra que, para a atividade física ter efeito significativo sobre a saúde, é necessário suar a camisa.
Os exercícios aeróbicos devem ser praticados pelo menos cinco dias por semana, numa intensidade de moderada a intensa, e dois dias devem ser dedicados a atividades de fortalecimento muscular.
E nada de incluir nessa conta a ida até a padaria ou a faxina em casa: os 30 minutos de exercícios devem ser um adicional às atividades do dia-a-dia.
Para quem acha esse ritmo puxado, uma observação: essa é a meta mínima. Quem quer emagrecer precisará malhar ainda mais. Além disso, ressaltam os pesquisadores, quanto maior a quantidade de exercícios, melhor para a saúde -especialmente em relação a doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, osteoporose, obesidade, câncer de cólon e de mama, ansiedade e depressão.
"Muitos adultos saudáveis já podem começar a fazer meia hora de atividades de intensidade moderada -como caminhar aceleradamente- cinco dias por semana. Quem estiver muito fora de forma pode começar com dez ou 15 minutos de atividade por dia e aumentar progressivamente até alcançar os 30 minutos. De modo geral, as pessoas conseguem fazer uma sessão de meia hora em quatro ou seis semanas", disse à Folha William Haskell, professor da Escola de Medicina da Universidade Stanford e coordenador da nova diretriz.
Principal entidade norte-americana de medicina do esporte, a ACSM elaborou o documento em parceria com a AHA (American Heart Association), com base em estudos realizados em todo o mundo, e suas orientações devem ser adotadas por diversos países, incluindo o Brasil.
"Como temos poucos estudos no Brasil, não dá para nos basearmos em dados nacionais. O que existe são publicações de maior relevância científica como essa", afirma Arnaldo José Hernandez, presidente da SBME (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte).
Apesar dessa influência, o documento também tem recebido críticas. Teme-se, por exemplo, que a maior rigorosidade da orientação possa desestimular as pessoas a se engajarem num plano de atividades físicas. Outro argumento é que não há uma fórmula que valha para todo mundo, sem levar em conta características individuais.
"Não existe receita de bolo", afirma Rene Abdalla, professor de ortopedia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do Centro de Ortopedia e Reabilitação no Esporte do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo. "Cada um tem o seu limite. O mais importante é a regularidade."

Gasto calórico?
O estudo é uma atualização da diretriz lançada pela ACSM em 1995. Na época, afirma José Lazzoli, presidente eleito da SBME, acreditava-se que o fator mais importante na prática de exercícios era o gasto calórico semanal.
Isso levou a um conceito de "exercício como estilo de vida" -ou seja, pregava-se que pequenos hábitos no dia-a-dia, como a substituição do elevador pela escada, levariam a pessoa a alcançar a meta de gasto calórico e resolveriam o problema do sedentarismo.
Além disso, os autores do documento afirmam que alguns aspectos da diretriz de 95 foram mal-interpretados e, por, isso, a nova versão é mais explícita em suas recomendações, como a necessidade de exercícios de intensidade vigorosa.
De acordo com a nova diretriz da ACSM, pesquisas recentes mostram que exercícios de intensidade vigorosa são mais eficazes na redução de riscos cardiovasculares do que atividades de intensidade moderada, independentemente do gasto calórico.
Já a retenção de cálcio e o fortalecimento da massa óssea, importantes na prevenção da osteoporose, dependem do impacto sobre o osso durante o exercício -nesse sentido, correr é mais indicado do que fazer hidroginástica, diz Hernandez, na SBME. "Antes, a questão era fazer ou não fazer atividade física. Agora, a dica é: não parar o que você já faz, mas incluir atividades mais intensas."

Musculação?
"Fazer uma caminhada leve três vezes por semana vai ajudar a controlar a pressão arterial, mas não tem efeito no controle do diabetes -a queima que ocorre é de gordura, e não mexe no consumo de açúcar pelo organismo", explica Paulo Zogaib, professor de fisiologia e medicina do exercício da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Para ele, uma das mudanças mais importantes da nova diretriz é a introdução dos trabalhos de força muscular na lista de atividades básicas. O próprio diabetes tipo 2 serve como exemplo dos benefícios que advêm da junção dos trabalhos de fortalecimento muscular com os aeróbicos. "O exercício aeróbico queima pouco açúcar. Em compensação, ajuda a melhorar a sensibilidade dos receptores de insulina. Já a musculação aumenta a capacidade de o organismo metabolizar o açúcar", afirma Zogaib.
Ainda segundo o médico, o fortalecimento muscular é especialmente importante para pessoas na terceira idade, já que, a partir dos 50 anos, tem início a diminuição dos hormônios anabólicos, com conseqüente perda da massa muscular. Segundo Lazzoli, da SBME, "não há nenhuma faixa etária que se beneficie mais do fortalecimento muscular do que a terceira idade".

Idosos?
Outra novidade da diretriz são as recomendações específicas para a terceira idade e para essoas com limitações físicas. Segundo o trabalho, esse grupo também tem de se exercitar pelo menos cinco vezes por semana e fazer atividades de fortalecimento muscular.
"Além de aumentar a força física, a musculação melhora os sintomas de quem tem artrose e, por causar impacto, ajuda a manter a densidade óssea", afirma Ricardo Cury, da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia).
Uma orientação específica da entidade para idosos são os exercícios de flexibilidade e de equilíbrio.
Sessões de alongamento devem ser realizadas ao menos dois dias por semana e sempre acompanhar a prática de uma atividade aeróbica ou de fortalecimento muscular. Segundo o documento, a atividade física pode reduzir o número de quedas em idosos em até 45%.
Mas, antes de o idoso dar início a qualquer exercício, os autores da nova diretriz recomendam a elaboração de um plano de atividades com um especialista. Isso é fundamental para que sejam levados em consideração os efeitos terapêuticos da atividade e os riscos relacionados a problemas crônicos. A dica vale mesmo para idosos saudáveis e sem problemas crônicos.

Exames?
Já adultos saudáveis não precisariam consultar um médico para seguir a recomendação mínima da diretriz, segundo informa o próprio documento. Os exames só seriam necessários para pessoas com doenças cardiovasculares, diabetes ou outra doença crônica.
Segundo Haskell, coordenador do trabalho, trata-se de uma orientação populacional, e não específica. "O risco desses exercícios para um adulto saudável é muito baixo."
"A filosofia dessas orientações populacionais é não criar muitas barreiras para a prática de exercício", afirma Lazzoli. "Mas acho que é interessante fazer exames antes de iniciar qualquer atividade, já que os problemas cardiovasculares são, na maioria das vezes, doenças silenciosas."
Outro ponto polêmico da diretriz é que ela não estabelece um limite máximo para a prática de atividades. Segundo o trabalho, esse dado não foi estabelecido porque varia muito conforme a idade, o sexo e a composição corporal, entre outros fatores. Mas os autores afirmam que exceder a recomendação mínima reduz o risco de doenças relacionadas à inatividade.
Alguns especialistas vêem essa orientação com preocupação. "Uma alta carga de exercícios traz não só vários benefícios mas também um alto risco de lesão", afirma Cury, da SBOT.
Segundo Zogaib, é preciso ficar alerta a alguns sinais de excesso. "A pessoa não deve sentir dor, desconforto, falta de ar excessiva, náuseas, tontura -isso mostra que algo está errado", afirma. Nesse caso, é preciso procurar um especialista que possa identificar o problema.
Para Abdalla, da Unifesp, mais importante que a intensidade ou o tipo de exercício é praticar atividades físicas com regularidade. Contrariando a nova diretriz, ele defende que fazer exercícios três vezes por semana "funciona muito bem". O principal problema, afirma, está em ter um cotidiano sedentário e decidir se transformar em esportista a cada final de semana.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq3008200701.htm

5 comentários:

Geisa Cristina disse...

Ai Andrei... eu sou uma negação pra academia, eu pago e não vou... tenho vergonha de dizer, mas não consigo... é uma coisa!!! Agora lendo isso... fiquei mal!!
Preciso sair dessa!!
Bjs!

Maria - Em busca do corpo ideal disse...

Amigo! Te indiquei na corrente da amizade. Dá uma olhadinha lá no blog. Besos.

Anônimo disse...

Olá .. tudo bem^:

eu estou bem.. firme e forte na busca do meu objetivo rs..heheh! .... e vc comoc esta... ... to vendo que vc malha né... hehe então em novembro vou voltar para a academia se Deus quiser heheh é bom... não gosto de musculação mas kibe e esteira eu encaro muito bem heheh

bjs

Andrey disse...

Olá Geisa,

As vezes dá aquela preguiça mesmo...
Quanto mais a gente aprende, mais vê a importância para nossa saúde e isso também é motivante.

Vamos lá. Deixa preguiça em casa e vamos em frente!

Obrigado pela visita!

Andrey

Andrey disse...

Olá Claudinha,

Eu também estou sem conseguir ir para a academia :-(

Já fiz durante um período, mas agora estou absolutamente sem tempo. Vou viajar no final desta semana, e assim que retornar será uma das coisas que vou colocar em dia.

Se você gosta da esteira, manda bala nela. Conseguir manter um ritmo forte nela também queima bastante calorias!

Sucesso e vamos em frente!